Para
uma Itália que voltava a uma Copa do Mundo da FIFA ávida em virar a página da
frustrante campanha de 2010, a lesão de Gianluigi Buffon na véspera da partida
contra a Inglaterra, em Manaus, deixou novamente no ar dúvidas em relação a
como o elenco reagiria à perda.
Afinal,
muitos dos jogadores que hoje compõem o elenco haviam vivido exatamente o mesmo
episódio há quatro anos. A sensação de déjà-vu foi inevitável, mas desta vez a
ausência do guardião italiano teria um impacto menor. Por outro lado, o que
acabaria se mostrando decisivo para que o país encerrasse a sequência negativa
em Mundiais viria em forma de superação, união e, claro, em confiança no
goleiro reserva: Salvatore Sirigu.
Embora
estreasse em Mundiais, o jogador do Paris Saint-Germain está longe de ser um
novato em jogos que envolvem tanta responsabilidade e, por isso mesmo, atuação segura, as defesas importantes contra
um time inglês que não se cansou de chutar ao gol e a tranquilidade que mostrou
tanto em campo como ao falar após o jogo foram um bom indício de que, desta
vez, a história italiana em uma Copa já começava de forma mais positiva.
“Fiquei
tranquilo quando soube que iria jogar. Passei uma boa noite. Hoje fiquei um
pouco estressado, porque todo mundo começou a me ligar. Foi aí que me dei conta
de que estava prestes a fazer algo grande: jogar em uma Copa do Mundo com a
pressão de substituir alguém como o Gigi”, revelou o jogador. “Mas o susto
passou rápido. Meus colegas me ajudaram muito, o que é uma característica desta
equipe. Desde que entrei em campo para o aquecimento estava me sentindo bem,
sereno.”
A
ajuda Sirigu teve dos experientes jogadores que protegem a defesa, como Giorgio
Chiellini e Daniele de Rossi, que viveram de perto os complicados dias da
campanha de 2010 e que sabiam exatamente o que precisavam fazer para evitar um
fim parecido. “A situação de quatro anos atrás foi dura, porque não perdemos só
o Buffon, mas o (Andrea) Pirlo também. Mas sabíamos que poderíamos contar com o
Sirigu, que fez uma partida extraordinária”, explicou Chiellini. “Somos um
grupo forte, com 23 titulares que sofrem, correm, marcam e lutam juntos. É algo
que vai nos ajudar no futuro.”
“Em
2010, é bom lembrar, o Buffon sofria com uma hérnia e perdeu toda a Copa. Não é
o mesmo caso agora. Então, estamos aguardando que ele volte. Mas, felizmente,
tínhamos um grande goleiro hoje, que estava pronto e fez um jogo maravilhoso”,
completou De Rossi.
Tranquilidade
A
satisfação estava estampada nos rostos dos jogadores italianos que deixavam a
Arena Amazônia, mas seria imprudente pensar que o mais difícil havia ficado
para trás. Se superar um rival tradicional como a Inglaterra logo na estreia
deixa o caminho no Grupo D bem mais aberto, o imprevisível duelo contra a Costa
Rica – que também lidera a chave após derrotar o Uruguai – fazia com que
qualquer jogador da Azzurra contivesse a empolgação antes de falar em missão
cumprida. Qualquer um, inclusive Sirigu.
“Eu
já havia alertado para a Costa Rica antes, porque ninguém estava falando nela:
só se lembravam dos campeões mundiais. Mas sabia que eles poderiam fazer algo
grande”, destacou. “Acho que se esqueceram um pouco dessa seleção, que é forte,
possui jogadores interessantes e que jogam a UEFA Champions League. E mais
ainda: estão acostumados a jogar nesse clima, então temos que ficar de olho.”
Após
encerrar a série negativa em Mundiais e voltar a vencer após oito anos, a
Itália ao menos tirava um enorme peso das costas, pesque havia ficado ainda
maior por conta dos fracos resultados nos amistosos preparatórios antes entre o
final de 2013 e o começo de 2014. “Foi bom vencer para mostrar que a gente
precisava de um pouco de paciência. Vínhamos sendo criticados, mas isso vai nos
deixar mais tranquilos”, garante o goleiro.
E
é assim também que Sirigu espera seguir nos próximos dias, independentemente da
evolução de Buffon e mesmo que precise voltar para sua posição inicial antes da
Copa: a reserva. “Se for para continuar jogando, estarei pronto. Mas a gente
espera que ele volte”, contou. “O Gigi é um grande nome e foi importante hoje
com as palavras antes do jogo. Então, não há problema nenhum: quando ele
voltar, ele sabe que recuperará o lugar dele, e eu sei qual é o meu. Simples
assim.”
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