Quando
a partida entre Uruguai e Inglaterra se anunciou, era fácil ter grandes
expectativas: dois dos três campeões do mundo presentes no Grupo B se
enfrentavam pela sobrevivência; quem perdesse estava perto de ser eliminado da
Copa do Mundo da FIFA.
Nem
sempre, no entanto, isso significa um jogo tão intenso como a vitória da
Celeste por 2 a 1 nesta quinta-feira, na Arena de São Paulo. Foi parelho,
disputado e emocionante para os dois lados. A diferença é que um deles tinha,
de novo, Luis Suárez - eleito, de forma indiscutível, o Craque do Jogo
Budweiser.
Recuperado
de uma cirurgia no joelho que o fez perder a estreia diante da Costa Rica, o
camisa 9, artilheiro da temporada da Premier League, foi decisivo, marcou os dois gols que mantiveram os sul-americanos
na briga por uma vaga nas oitavas de final e praticamente decretaram a
eliminação do English Team. Se Itália e Costa Rica empatarem nesta sexta-feira,
em Recife, os ingleses estarão matematicamente fora.
Não
houve descanso: a bola não parou, de um lado ao outro do campo, desde o momento
em que Wayne Rooney bateu uma falta que passou pertinho do gol de Fernando
Muslera, no início do jogo, e Cristian “Cebolla” Rodríguez respondeu com um
chute que passou a centímetros do travessão. Teve bola na trave de Rooney,
cabeceando embaixo do gol, aos 32 minutos, e, em seguida, o lance que definira
o jogo: Nicolás Lodeiro roubou bola no meio-campo e serviu Edinson Cavani pela
esquerda. O atacante do Paris Saint-Germain de um lindo passe pelo alto para
Luis Suárez, de cabeça, tocar no contrapé de Joe Hart. Agradecido, ele correu
até a linha lateral para abraçar Walter Ferreira, o fisioterapeuta da seleção.
Toda
a famosa pegada uruguaia, pouco vista na derrota por 3 a1 na primeira rodada,
esteve presente de novo – e com sobras. Com direito, inclusive, a Álvaro
Pereira simplesmente se recusando a deixar o campo, apesar dos pedidos da
equipe médica de sua seleção, depois de levar uma assustadora joelhada na
cabeça, acidental, de Raheem Sterling.
Essa
fibra toda se fez mais necessária ainda na segunda etapa, quando o que era uma
troca franca de golpes aos poucos foi se transformando abertamente em pressão
inglesa. Muslera passou a trabalhar mais e mais, incluindo aí uma defesaça cara
a cara com Rooney. Mas, de tanto apertar, a 15 minutos do fim, enfim aconteceu.
E, por “enfim”, pode-se entender os 75 minutos até o empate chegar ou os nove
jogos anteriores de Copa do Mundo, em que o inglês ainda não havia marcado.
Acontece
que, no final das contas, não adiantou. Numa reposição de bola do goleiro
Muslera que teve um breve desvio em Steven Gerrard, a bola disparou justo à
frente de Suárez. E aí ficou claro que o tempo afastado não lhe tirou nada do
espírito matador: um chutaço, um belo gol e a Celeste ainda viva.
Nenhum comentário: