Quantos
7 a 1 serão necessários para esse País resgatar a vergonha?!
E
aí, o que vai acontecer? Mais um caso de racismo no futebol brasileiro. Noite
de quinta-feira, o Santos derrota o Grêmio por 2 x 0, em Porto Alegre. Mas o foco principal acaba sendo o que
imbecis fazem atrás da meta santista.
Berram
a plenos pulmões palavras ofensivas e racistas contra o goleiro Aranha. Seu
crime: ter a pele negra. Os imbecis têm em sua linha de frente uma mulher
branca. Mais tarde as informações dão conta que trata-se de uma funcionária
pública da Brigada Militar de Porto Alegre. E que os preconceitos racistas ela
já expõe há muito tempo utilizando as novas tecnologias.
Existe
no Brasil um Superior Tribunal de Justiça Desportiva, até agora um cabide de
empregos que só serve para punir jogadores que se desentendem um com o outro -
mas se for de clubes considerados mais importante pela TV Globo, que detém o
monopólio do futebol nacional, nada acontece - e clubes considerados menores.
Se
o STJD fosse sério, casos de racismo seriam tratados de outra forma, suspensão
ou até mesmo rebaixamento de times cujos torcedores pratiquem o crime. Mas em
se tratando do STJD que conhecemos, o que aconteceu na arena do Grêmio será
apenas mais um fato triste no futebol brasileiro, na cena social brasileira. Quantos
7 a 1 serão necessários para esse País resgatar a ética, a moral, a vergonha?!
Prendam esta mulher. Racismo - Patrícia Moreira - torcedora do Grêmio chamando o goleiro do Santos de macaco - em 28-08-2014
Elementos guincharam
com conhecimento de causa
blog
Cosme Rímoli
A
torcedora gremista que chamou Aranha de macaco tem nome e sobrenome. A Polícia
Militar e o Ministério Público do Rio Grande do Sul só não tomarão atitude
contra o racismo se não quiserem...
Não
foi a primeira vez que Patricia Moreira comparou um jogador negro a um macaco.
Tinha experiência e se orgulhava da racista comparação. No seu Instagram
mostrava para amigos, e quem quisesse ver, um macaco de pelúcia com a camisa do
Internacional. Fazia cara de asco olhando o que segurava nas mãos. Colocava a
língua para fora da boca como se fosse repelente o boneco.
Loira,
cabelo liso, aparelho nos dentes, tudo leva a crer que Patricia seja filha da
classe média gaúcha. No Sul é muito comum mulheres frequentarem estádios. Mas
infelizmente, essa torcedora levou para as cadeiras da arena gremista o pior. O
ranço de preconceito que ainda domina uma parcela infelizmente significante
deste país.
E
o futebol acabou sendo o palco escolhido por Patricia e vários outros
torcedores gremistas para expor o pior de seu caráter. Mostrar que para ela as
pessoas são diferenciadas pela cor da pele. E que faz questão de revelar ao
mundo o que pensa em um estádio de futebol. Acolhida por outros racistas, seus
gritos de 'macaco, macaco, macaco', flagrados pelas câmeras da ESPN, são normais.
Os
gritos da nobre torcedora loira foram dirigidos ao mineiro Mário Lúcio Duarte
Costa. Seu pecado não era ser o goleiro Aranha do Santos. Mas ser negro. A cada
defesa, na vitória santista por 2 a 0 diante do Grêmio, novas ofensas. Ao final
da partida, o desabafo.
"Da
outra vez que a gente veio jogar, estava passando campanha contra o racismo no
telão, não é por acaso. Eu estava no gol, xingar, pegar no pé, normal. Me
chamaram de preto fedido, cambada de preto. Começou aquele corinho de macaco.
Eu pedi para o cinegrafista filmar, mas ele não filmou. Quando decidiu, já
tinham xingado. Eu fico puto, desculpe o palavrão. Dói, dói. Quando me chamaram
de preto, eu não me ofendi porque sou preto sim, sou negão sim. Sempre tem
alguns racistas aqui no meio."
A
partir daí, Aranha também errou. Ele não quis formular uma queixa no Jecrim
(Juizado Especial Criminal) do estadio gremista. Não quis registrar formalizar
a acusação das ofensas racistas que sofreu. Não quis comprar briga com a
torcida de um clube. E por acreditar que não 'levava a nada'.
Esse
tipo de comportamento é que estimula os racistas. Infelizmente os casos
racistas se acumulam no mundo. Com os brasileiros vale lembrar o caso de
Grafite no São Paulo e o argentino De Sábato do Quilmes; a briga entre Danilo
do Palmeiras e Manoel do Atlético Paranaense; Jeovânio do Grêmio e Antônio
Carlos do Juventude; a torcida do Real Garcilaso imitando macacos toda vez que
Tinga do Cruzeiro pegava na bola.
O
juiz Márcio Chagas da Silva não só foi xingado de macaco. Mas torcedores
deixaram bananas no seu carro que estava guardado nas dependências do Esportivo
de Bento Gonçalves. Ele decidiu até abandonar a carreira diante do que passava
no interior do Rio Grande do Sul.
A
torcida do Mogi Mirim xingou Arouca do Santos de macaco. E na final do
Campeonato Gaúcho, um torcedor chamou o zagueiro Paulão do Inter, de macaco. O
jogador o confrontou e ele fugiu correndo. Não foi identificado, preso, nada.
Onde aconteceu este caso? Na arena do Grêmio, há cinco meses.
A
Polícia Militar gaúcha pedia ontem para que torcedores ajudassem a encontrar os
racistas. O Ministério Público de Porto Alegre também prometia agir. E o
serviço foi feito por internautas. Tudo está mastigado. Desta vez não há
desculpas para que Patricia Moreira não pague pelo que fez. Além disso indique
quem estava ao lado dela fazendo o nojento coro de 'macaco'.
Passou
da hora das autoridades justificarem o dinheiro público que recebem. E cumpram
a sua missão junto à sociedade. Passem a punir os criminosos. Por que ofensas
racistas justificam processos e até prisão neste país. Quanto à parte
esportiva, o vexame de sempre. O árbitro Wilton Pereira Sampaio não viu o que
todos viram e não ouviu o que todos ouviram. E não colocou na súmula as ofensas
racistas dirigidas ao goleiro Aranha.
Caso
justificasse o uniforme de juiz, ele deveria não só ter escrito tudo o que
aconteceu. Mas parado a partida. Essa é uma das recomendações da Fifa diante do
racismo. Mas cadê coragem para tomar tal ato? Interromper um jogo da Copa do
Brasil tão importante, transmitido pela tevê? Criar um 'problemão' para a CBF?
Melhor se comportar como se tudo tivesse sido normal. Wilton também é negro
como Aranha.
O
racismo no Brasil e no mundo tem uma grande cúmplice e incentivadora. A
omissão. Ela estimula que torcedoras comparem negros a macacos. Gritando ou
colocando um boneco de pelúcia com o uniforme do time rival. Até quando a Fifa,
a CBF e a sociedade vão dar cobertura a este tipo de gente?
O
Grêmio também tem de ser punido. Não é a primeira vez que atitudes racistas
acontecem no seu estádio. Multa, perda de mando. A CBF precisa sair do marasmo.
Fazer desenhos e faixas contra a discriminação não adiantam nada...
O
basquete norte-americano acaba de dar um exemplo. O milionário Donald Sterling
era dono do Los Angeles Clippers. Recomendou que sua namorada não convidasse
negros a jogos dos Clippers. E nem tirasse fotos com 'eles'. A 'recomendação'
foi gravada e divulgada. Ele teve de pagar uma multa de R$ 5,8 milhões. Foi
obrigado a vender o time.
A
Conmebol cobrou do Real Garcilaso uma multa de R$ 27 mil. O Esportivo perdeu
nove pontos, seis mandos de campo e acabou multado em R$ 30 mil. O Mogi Mirim
teve seu estadio fechado por uma partida e pagou R$ 50 mil de multa. O Grêmio
havia sido multado em R$ 80 mil pelas ofensas a Paulão. Seu departamento
jurídico recorreu e a pena caiu para R$ 10 mil.
"No
Brasil é assim com o racismo. Primeiro todo mundo fica chocados. Todos
esquecem. Nada acontece com quem te ofendeu. Por isso não levei o caso do
Desábato para frente. Ele me chamou de macaquito. Mas resolvi deixar para
lá", me disse Grafite, em 2005. Tomou a mesma atitude de Aranha.
Sem
querer, os ofendidos estimulam pessoas como Patricia Moreira e seus amigos.
Eles acreditam que estádios de futebol servem de refúgios para racistas...
O
jornal Zero Hora assegura que as consequências já começaram. Patricia perdeu
seu emprego. Não trabalha mais no Centro Médico Odontológico da Brigada
Militar. Foi dispensada pelo ato racista. Agora só faltam a PM e o Ministério
Público gaúchos acordarem...
Nenhum comentário: