Diferente
do que muitos surfistas pensam, o litoral baiano não se limita a Salvador e a
região de Itacaré quando o assunto é boas ondas. Para escapar de uma crowd
absurda e encontrar longas direitas, um destino pouco procurado em surf trips é
o Morro de São Paulo.
Trata-se
de uma ilha localizada a cerca de 300 quilômetros da capital, muito procurada
por turistas de todo o Brasil, europeus e claro, argentinos. Se você tem
interesse em surfar ondas de qualidade, conhecer a cultura histórica nacional
e, acima de tudo, curtir um lugar paradisíaco, preste atenção nas dicas que
seguem abaixo.
Vá no inverno
Como
em todo lugar do mundo, a época em que rolam as melhores ondas é durante o
inverno. Caso opte pelo verão, é provável que passe semanas vendo somente
marolas quebrarem. Não se preocupe com o frio, a temperatura permanece nas casa
dos 30ºc. A água é quente. Uma lycra é o bastante para dias com vento. Roupas
de borracha podem ficar em casa.
A viagem pode ser
cansativa, mas vale a pena
Existem
diversas opções para se chegar ao morro. A primeira, mais rápida, mais fácil,
mas também mais cara, é ir de avião. Do aeroporto de Salvador é possível
embarcar em um transfer aéreo que te levará ao destino em menos de uma hora. O
valor é R$ 370.
As
opções mais acessíveis e realistas são as viagens semi terrestres ou de catamarã.
No próprio aeroporto existem empresas que vendem o translado por pouco mais de
R$ 100. Isso implica em uma jornada que pode levar de três a cinco horas entre
van, barcos, taxis... Dependendo das condições marítimas, é possível embarcar
no catamarã em frente ao Mercado Modelo e desembarcar direto no morro. Desta
forma, a duração da viagem cai para duas horas.
Pousadas são as
melhores opções
São
inúmeros os tipos de acomodações na ilha, de todos os preços. As pousadas são a
maioria. É possível encontrar locais que cobram cerca de R$ 100 a diária, com
café da manhã incluso. Em lugares mais afastados da Primeira e Segunda Praia
encontram-se opções mais baratas e até mesmo campings.
Prepare-se para
caminhar
Não
existem carros, motos ou ônibus na ilha. Você terá que caminhar, e bastante.
Por ser um morro, existem diversas escadarias, principalmente na vila, onde
encontra-se o "centrinho" da região. Logo de cara, após desembarcar
na entrada da cidade, você vai se deparar com uma subida deveras íngreme. Por
cerca de R$ 10 é possível pagar pelo transporte da bagagem em um carrinho de
mão "pilotado" pela galera local. Vale a pena. Neste mesmo momento de
desembarque é cobrado uma taxa de R$ 16 aos turistas, que, segundo a
prefeitura, é destinada à preservação ambiental.
A comida é cara, mas
excelente
Se
a ideia é almoçar em frente ao mar todos os dias, prepare-se para falir. Bares
e restaurantes localizados na orla oferecem pratos para duas pessoas entre R$
50 e R$ 80. O preço médio de uma lata de refrigerante é de R$ 4. Claro que a
qualidade das refeições compensam o valor, geralmente com frutos do mar frescos
ou carnes grelhadas. É possível encontrar opções mais baratas em
estabelecimentos que ficam na vila da Primeira Praia. Por lá encontram-se
almoços por até R$ 20. A opção mais barata é comprar comida em minimercados e
cozinhar, caso esteja hospedado em algum lugar que ofereça cozinha.
Aproveite a noite
Como
estamos falando do inverno, as opções de entretenimento à noite limitam-se em
relação ao verão. Porém, ainda existem diversos locais legais para passar o tempo em que não é
possível surfar. Oito em cada dez bares e restaurantes oferecem música ao vivo,
principalmente os que estão localizados à beira-mar. O clima, iluminação e
decoração tornam estes ambientes muito aconchegantes.
Para
quem quer se estender noite à dentro, a cada dia da semana tem, pelo menos, uma
festa diferente. Luaus também rolam, principalmente segundas e quintas-feiras.
O sábado é quando acontece a principal festa da ilha, na Toca do Morcego. O
pico fica no alto do morro, com uma vista incrível para o mar. O som que toca é
o eletrônico. Além da presença dos locais da cidade, a predominância é maciça
de gringos dos quatro cantos do planeta. O preço é R$ 70, mas, se conhecer
algum morador da ilha, pode conseguir um bom desconto. Também é possível curtir
o pôr-do-sol no local, de graça.
Ondas de todos os
jeitos, para todos os gostos
Existem,
basicamente, três picos onde quebram ondas no Morro de São Paulo. No canto
esquerdo da Primeira Praia funciona uma rápida esquerda de beach break. A vala
quebra muito próximo a uma grande pedra que permanece exposta na maré cheia e
vazia. Por ali surfam os garotos locais da ilha. A onda, que pode chegar a 4
pés, favorece a quem gosta de aéreos.
No
canto direito, ai sim, rolam as principais ondas da região. A bancada de coral
serve como trilho para que longas direitas quebrem com perfeição, podendo
chegar aos 6 pés. Na maré seca é possível encontrar alguns tubos. Lembra
Snapper Rocks, na Gold Coast australiana. É preciso tomar cuidado com algumas
pedras que costumam ficar expostas neste horário. Na maré cheia as ondas ganham
tamanho e ficam mais gordas e manobráveis. Lembra Bells Beach, também na
Austrália. Para chegar nos dois picos, basta remar pelo meio da praia, onde não
quebram ondas. Fácil, fácil...
Os
outros locais que funcionam ficam na Quarta Praia. Por lá existem diversos
secrets. Geralmente são surfados apenas pelos locais. Por ficar mais de frente
para o mar aberto, costuma apresentar ondas ainda maiores que os outros picos.
É obvio, mas cabe
frisar: respeite os locais
Existe
localismo no morro, e bastante. Não podemos generalizar. A maioria dos locais
respeita os turistas quando são respeitados. Outros não. Em todo caso, é sempre
bom ficar na sua e jamais rabiar alguém. Antes de entrar na água pela primeira
vez, é interessante conversar com alguém sobre o pico. Afinal, existem pedras
traiçoeiras que podem lhe trazer problemas se você não tem conhecimento sobre
elas.
Pouco crowd e ondas
constantes
Em
dias de boas condições, o outside chega a receber até 20 surfistas, não mais do
que isso. É um número baixo, comparado às outras praias brasileiras do sul e
sudeste. A constância das ondas no período de julho a setembro é
impressionante. No principal pico, o canto direito da Primeira Praia, sempre
rolam boas ondas. Mesmo com o mar pequeno, a extensão das valas seguem longas e
manobráveis. Algumas podem abrir por mais de 30 segundos.
Estude a maré
Assim
como outras praias do nordeste, a maré muda rapidamente no Morro de São Paulo.
Olhar as condições do mar às 13hs e deixar para entrar na água às 15hs, por
exemplo, pode ser um erro grave. É bom sempre checar os horários em sites
especializados de quando a maré se encontra mais cheia e vazia.
Não deixe de:
Pular
na tirolesa: Os R$ 30 mais bem pagos da ilha. São 340 metros de comprimento
sobre 57 metros de altura. A vista é a mais bonita do morro, assim como a
adrenalina é a mais intensa entre todas as atividades.
Fazer
o passeio de volta à ilha: R$ 70 em um passeio de barco pelas mais belas praias
da região. Leve - e use - protetor solar.
Mergulhar:
Existem diversas piscinas naturais por lá. A água é cristalina, perfeita para
mergulhar durante a maré seca. R$ 10 é o preço do aluguel do snorkel.
Conhecer
a história do lugar: Morro de São Paulo foi uma das primeiras regiões a receber
os navegadores portugueses no século XVI. Por conta disto, existem inúmeras
construções históricas como fortes, igrejas e casarões.
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