Diretor
do tênis juvenil da CBT, destaca potencial de crescimento do evento e aponta
dificuldade na transição dos brasileiros: 'Desistem muito cedo'. Domingo
encerra o qualifying a partir das 11 horas no Clube Bahiano de Tênis e define
campeões do Tennis Kids
Diretor do tênis juvenil da CBT, Patrício Arnold destaca potencial do evento |
Colaboração
de texto e foto: Fabrizio Gallas/GallasPress
Natural
da Argentina, mas vivendo no Brasil há 20 anos, Patrício Arnold é o diretor do
tênis juvenil da Confedeção Brasileira de Tênis há 12 anos e está em Salvador
(BA) acompanhando os primeiros dias da 33ª edição do Bahia Juniors Cup, a maior
competição juvenil do Norte/Nordeste. Arnold, que seguirá na terça pela manhã
para o Chile onde acompanhará as equipes nacionais nos Jogos Sul-Americanos da
Juventude, acompanha seu filho que participará da categoria 14 anos da
competição com 220 atletas de nove países que acontece nas quadras rápidas do
Clube Bahiano de Tênis.
Arnold
se mostrou impressionado com a estrutura e organização do evento e destacou o
potencial de melhoria do evento que até 2014 tinha o status mais baixo de
eventos mundiais, um torneio Grau 5, mudando em 2015 para um Grau 3 se
consolidando como o terceiro maior do Brasil e mais valioso do país no segundo
semestre.
"O
Clube tem uma história importantíssima no calendário, vemos um empenho muito
grande para sair um grande torneio, a tendência é que o torneio cresça cada vez
mais a cada ano, as crianças se empolguem mais e tenha mais investimento. Não
viajamos para todos os torneios e daqui eu só ouvi elogios, não só em
estrutura, organização, cobertura da imprensa, uma série de fatores, os
tenistas se sentem bem recebidos, isso faz com que o torneio seja muito bom.
Estou há dois dias aqui e vejo que o nível das quadras é de ATP Tour (maiores
eventos do mundo do profissional), os diretores do torneio sempre presentes.
Fiz questão de vir pra ver, organização e acolhimento excepcional",
apontou Arnold destacando o processo do evento para elevar ainda mais o nível.
"Este
torneio pode subir cada vez mais de graduação. Para virar um Grau 2 ou Grau 1
com maior pontuação não há encargo financeiro, é a mesma coisa basicamente. É
sim um esforço político junto à Federação Internacional de Tênis e também por
uma tabela média de ranking dos jogadores que participam do torneio, tem uma
fórmula, isso é avaliado como um dos itens, mas é discutível pois os melhores
vêm com a pontuação, graduaçao maior. Existe também a parte dos relatórios do supervisor
do árbitro para a ITF e aqui a comunidade, o clube, a Federação estão
envolidas. Participei da discussão para subir o nível de Grau 5 para Grau 3 o
que ocorreu em 2015 e todos aqui abraçaram para elevar o status. Quando se tem
essa união e trabalho a tendência é que o torneio só evolua."
Patrício
também teceu elogios técnicos e de comprometimento ao jovem baiano de 15 anos,
Natan Rodrigues, que estreia na terça-feira na chave principal onde jogará pela
primeira vez um torneio no Brasil na categoria mundial. Ele foi chamado às
pressas para representar o Brasil no Mundial de 16 anos, a Copa Davis juvenil,
em Budapeste, na Hungria, após um problema com o passaporte de Matheus
Pucinelli que não conseguiu embarcar: "Quero fazer o registro do comprometimento
do Natan, dos pais e técnico Evaldo que estava em Barcelona, teria uma semana a
mais de treinamento e nos atendeu largando tudo para representar o Brasil no
Mundial, uma semana que com certeza renderá frutos em sua carreira. Vai chegar
em cima da hora em um torneio importante na casa dele, mas chegará com uma
grande experiência. Natan tem mostrado grande nível e nesse último ano teve um
crescimento muito bom, tomara que ele possa chegar nos 17 e 18 anos bem
estruturado para encarar o circuito profissional", seguiu.
O
coordenador do tênis de base nacional apontou o esforço que vem fazendo junto à
Confederação Brasileira de Tênis para que o tênis juvenil possa evoluir. Com o
corte de verbas de patrocínio em 2016, a entidade teve que voltar os investimentos
entre os juniores focando nas viagens com treinadores para os eventos. Para ele
o trabalho por exemplo do Brasil dá de 10 a 0 na Argentina, mas o motivo para
que nossos jovens vinguem com menor frequência em relação aos nossos hermanos é
cultural.
"O
cenário hoje está bom, mas podemos melhorar com certeza. O programa está
fazendo o que pode com o orçamento que é disponibilizado, é uma questão que
varia a cada ano ou ciclo, tivemos uma queda de receita grande no último ano. É
um desafio no ponto de vista financeiro e com os técnicos no relacionamento
para entrar de forma legal em cada trabalho. O Brasil tem um bom programa de
apoio ao tênis juvenil, certamente tem muita coisa de podemos melhorar e isso
não depende só da CBT, mas dos técnicos de poder participar de forma eficiente
e não de formas individuais e não ficar olhando para o próprio umbigo e querer
que a CBT só banque o sonho individual de cada um", destacou.
"O
tênis continua sendo muito caro, estou vendo isso mais porque agora meu filho
joga, tem 12 anos, percebemos quanto é difícil, custo muito alto, são pontos
que limitam o jogador de viajar, mas a queda do número de tenistas e técnicos
não se deve somente à questão financeira, mas a responsabilidade de todos. Fica
mais fácil criticar a CBT e eximir responsabilidade de clubes, técnicos e os
jogadores", disse o ex-número 1 do mundo juvenil e que jogou Copa Davis
pela Argentina: "Sou argentino, me formei como tenista na Argentina, o
programa juvenil da CBT dá de 10 a 0 no da Argentina. O processo sofre na base,
na formação, o tenista tem que passar por fases diferentes até se possível com
técnicos diferentes, às vezes se faz um bom trabalho numa fase e se peca em
outras, vejo o maior problema dos tenistas que se destaca é essa transição. O
Brasil tem colocado um bom número de tenistas no nível alto e na transição o
percentual com sucesso no profissional é baixo, a desistência é muito rápida. A
resiliência dos tenistas brasileiros tem sido muito baixa nos últimos anos,
desistir ou desviar da conduta. É questão cultural. Nossos jogadores chegam com
18 e 19 anos não fortes mentalmente para suportar essa transição", seguiu
Arnold apontando que vem buscando fortalecer o trabalho na transição junto à
CBT em propostas que se inserem não só em palestras, conversas com técnicos,
jogadores e pais bem como tentar ampliar o calendário dos jovens tenistas na
Europa.
"Queremos
implantar um programa mais forte quando o jogador não é mais juvenil. É a
questão que aqui no juvenil muitos vão bem e passam a ser estrelas para de
repente não serem ninguém no profissional, daí vem a questão cultural, por
serem destaques juvenil se cria muita expectativa, o entorno do tenista, nesse
sentido os europeus e os americanos não existe uma mudança tão grande, não se
vê um deles sendo tratado como ídolo já no juvenil, tem uma estrutura mais
equilibrada. O argentino o processo é mais eficiente do que nossa cultura, lá
com pouca idade se vai treinar sozinho, se precisar pegar um ônibus sozinho, se
pega. Temos tentado organizar palestras nos eventos com pais, técnicos,
jogadores, mas às vezes aparecem meia dúzia. Outra ideia que estamos debatendo
é tentar tornar as giras mais longas na Europa um pouco mais cedo com 17 anos,
esse processo pode fazer com que eles sofram um pouco mais e entendam com vai
ser no futuro", seguiu Arnold comparando que tanto aqui quanto em no
continente o processo é o mesmo pelo que passou Thiago Monteiro levando em
torno de quatro anos até se atingir o top 100.
Até
poucos meses ele treinava Orlando Luz, ex-número 1 do mundo juvenil, em sua
academia, a ADK Tennis, em Itajaí (SC). Apesar da má fase do jovem tenista que
faz uma temporada com diversas lesões, Patrício não acredita que ele vá ficar
pelo caminho: " Orlandinho é um excelente competidor, talentoso, que
talvez esteja sofrendo hoje pela grande expectativa em cima dele. E isso vem
afetando sua cabeça em termos de trabalho, frustração. É a idade que ele tem
opções, namorar, etc, se não tiver claro como administrar tudo isso, o menino
tem uma queda. Tudo envolta, expectativa, contratos e se esquece dos detalhes
fora da quadra, alimentação, dormir, quando juvenil não se tem maturidade para
entender. Cada um tem sua realidade e se não administrar ele vai cair.
Orlandinho tem bom perfil, vai continuar jogando, não acredito nele parando,
ele está no momento de se encontrar internarmente, as priodidades e encontrar a
carga de treinamento adequada para encarar essa transição. Acredito que vai se
tornar um tenista de destaque. Ele está com o pai dele, esteve há dois dias
conosco com o pai dele na ADK. Não mudou nada o apoio da CBT mesmo ele tendo
saído da ADK, está sendo observada a entrega dele, está num momento complicado,
queremos seguir apoiando, estamos esperando mais ele, fazer a leitura que ele
está empenhado. Ele segue parte do programa, está passando por algumas lesões.
A queda dele foi mental e o físico acaba caindo. Acredito que seja um momento
que ele vai dar a volta por cima, mas basicamente vai depender dele".
Qualifying
termina neste domingo e campeões do Tennis Kids serão definidos. Jogos começam
às 11h com entrada gratuita - O sábado foi com chuva no fim da manhã e começo
da tarde e atraso nos primeiros jogos do qualificatório na categoria mundial de
18 anos, mas as rodadas transcorreram normalmente no período da tarde assim
como o Tennis Kids que definirá os campeões nas categorias 9 e 10 anos neste
domingo a partir das 11h.
As
chaves principais das categorias 18 anos mundial com pontuação Grau 3 e 16 a 14
anos (Cosat, Sul-Americano) serão sorteadas no meioda tarde deste domingo e
começam na segunda-feira, dia 25. A categoria 12 anos, com pontos pro ranking
nacional da Confederação Brasileira de Tênis, larga na quarta-feira, dia 27.
O
torneio terá atletas do Brasil, Argentina, Chile, Canadá, Bolívia, Suíça,
Estados Unidos, Peru e Portugal.
Tradição
de revelar grandes talentos. Gustavo Kuerten já disputou torneio e fez final
contra baiano - O Bahia Juniors Cup tem tradição de revelar grandes talentos do
esporte do país. Pelo evento, que acontece desde 1985, já passaram nomes como
Gustavo Kuerten, campeão na categoria 16 anos derrotando no terceiro set o
baiano Duda Catharino Gordinho, Fernando Meligeni, Teliana Pereira, o atual
número 1 do mundo e campeão de Wimbledon, Marcelo Melo Jaime Oncins, Flavio
Saretta, André Sá, entre outros.
Ano
passado os dois campeões foram brasileiros, Thiago Wild e Thaísa Pedretti, e
fizeram bons papeis nos Grand Slams em 2017. Wild fez quartas em Roland Garros,
ganhou importante torneio na Itália, em Santa Croce, e fez semi de duplas do US
Open se consolidando entre os 20 melhores juniores do planeta e Pedretti passou
rodada em Wimbledon entrando no top 50 da categoria. Participante em 2015,
Felipe Meligeni foi campeão de duplas do US Open ano passado e campeão
Sul-Americano na Argentina, e hoje já soma seus primeiros pontos no
profissional assim como Wild e Pedretti.
Resultados deste Sábado
(23/09):
2ª Rodada
Rai
Araujo (BRA) 2x0 Gabriel Oliveira (BRA) 6/3 6/4
Lucas
Gessner (BRA) 2x0 Gustavo Campos (BRA) 7/6 (1) 6/2
Matheus
Correa (BRA) 2x0 Pedro Vital (BRA) 6/2 6/2
João
Pedro Guariente (BRA) 2x0 Gabriel Souza (BRA) 6/0 6/1
Pedro
Batistella (BRA) 2x0 Enzo Silveira (BRA) 6/2 6/3
Danilo
Pauli (BRA) 2x0 Enzo Marcheschi (BRA) 6/2 6/3
João
Velloso (BRA) 2x0 Igor Venhadozzi (BRA) 6/0 2/0 abandono
Miguel
Froelich (BRA) 2x0 Antonio Mazzuco (BRA) 6/2 6/4
1ª Rodada
Enzo
Marcheschi (BRA) 2x0 Hugo Santos (BRA) 6/0 6/0
Programação deste
Domingo (24/09):
Quadra 1
11h
- Raí Araújo (BRA) x João Guariente (BRA)
A
Seguir - Miguel Froelich (BRA) x João Velloso (BRA)
Quadra 2
11h
- Matheus Correa (BRA) x Lucas Gessner (BRA)
A
Seguir - Danilo de Souza (BRA) x Pedro Batistella (BRA)
Tennis Kids
11h
- 9 anos - Samuel Bastos (MG) x Caio de Jesus (BA)
11h40
- 9 anos - Rafael Patroni (BA) x Enrico Figueiredo (BA)
12h
- 10 anos - Enrico Amaro (BA) x Pedro Andres (SP)
12h30
- 9 anos - Samuel Bastos (MG) x Rafael Patroni (BA)
13h
- 9 anos - Enrico Figueiredo (BA) x Caio de Jesus (BA)
A
33ª edição do Bahia Juniors Cup Bahia Juniors Cup conta com os patrocínio do Governo
do estado da Bahia pela Sudesb e da Construtora Moura Dubeux e apoio da
Gatorade e Águas Meleva. O evento é chancelado pela Federação Bahiana de Tênis,
Confederação Brasileira de Tênis, Federação Internacional de Tênis e
Confederação Sul-Americana de Tênis, o Cosat.
Quando:
23 até 30 de Setembro
Onde:
Clube Bahiano de Tênis
Endereço:
R. Oito de Dezembro, 525 - Barra, Salvador - BA
Entrada
Gratuita
Horário
de Início de Segunda até Quinta-Feira: 9h
Rodada
Noturna a partir das 18h a partir de segunda-feira, dia 25
Nenhum comentário: