A
quarta vitória do australiano no Rip Curl Pro Bells Beach foi confirmada pela
nota 8,17 da melhor onda surfada na final contra Adriano de Souza na Austrália.
Colaboração
de texto: João Carvalho/ASP South America
Colaboração
de foto: Kelly Cestari/Kirstin Scholtz/ASP
Uma
decisão entre os dois últimos vencedores do Rip Curl Pro Bells Beach fechou a
54ª edição da etapa mais tradicional do Samsung Galaxy World Surf League
Championship Tour na Austrália. E a segunda vitória de Adriano de Souza escapou
por 1 centésimo na nota que acabou só empatando em 15,16 pontos a final contra
o defensor do título, Mick Fanning. O bicampeonato do australiano foi
confirmado pela nota 8,17 da sua melhor onda, contra a 7,77 que o brasileiro
recebeu quando precisava de 7,78 para repetir sua vitória de 2013. Mineirinho
começou a quinta-feira vencendo o campeão mundial Gabriel Medina e com a
vitória assumiria a liderança isolada do ranking, que passa a ser dividida por
Filipe Toledo e Mick Fanning.
Esta
foi a quarta vez que o australiano badala o sino do troféu do Rip Curl Pro
Bells Beach, igualando o número de títulos dos também campeões mundiais Kelly
Slater e Mark Richards. O primeiro foi competindo como convidado em 2001 e
depois repetiu o feito já como top da elite em 2012 e 2014. Em 2013 o campeão
foi Adriano de Souza, que levou o Brasil ao alto do pódio repetindo o feito da
cearense Silvana Lima no feminino em 2009. Mick Fanning também igualou outro
número histórico com o igualmente tricampeão mundial Andy Irons, já falecido,
completando vinte vitórias em etapas do WCT.
"Eu
nunca me imaginei estar em uma categoria com o MR (Mark Richards), o Kelly
Slater e o Andy Irons. Esses caras são meus heróis. O MR é um deus, o Kelly é
um rei e o Andy é para sempre. Isto é incrível para mim", disse Mick
Fanning. "Bells é um lugar especial para mim, eu vinha aqui assistir esse
campeonato desde criança e o apoio da multidão aqui é sempre fantástico. Toda
vez que eu remo lá pra fora só quero fazer o meu melhor, mas é um evento muito
difícil".
A
matemática acabou definindo o campeão em Bells Beach esse ano. O curioso é que
dos cinco juízes, três deram nota 7,80, ou seja, analisando que a onda de
Adriano de Souza valia a vitória no Rip Curl Pro. Mas, os outros dois acharam
que ele chegou perto e deram 7,70 e 7,50. Como a menor e a maior nota são
cortadas, a soma das outras (7,80+7,80+7,70=23,30) dividida por três resultou
em 7,77 e ele precisava de 7,78. Com isso, Mineirinho apenas igualou os 15,27
pontos de Mick Fanning e a decisão ficou para a maior nota de cada um. O
australiano só surfou duas ondas durante os 35 minutos da bateria e uma delas
foi a melhor da final, 8,17, enquanto o brasileiro pegou seis e tirou quatro
notas na casa dos 7 pontos.
"Hoje
(quinta) foi a primeira vez que uma final do WCT terminou empatada, o que é
muito radical", destacou Mick Fanning. "Como a vitória veio para mim,
eu sei como foi doloroso para o Adriano (de Souza). Ele é um dos melhores
surfistas do circuito, treina muito e bota o seu coração em tudo. Ele é o mais
velho integrante do ‘Braziliam Storm’ e faz um trabalho impecável a frente
deles".
O
grande intervalo entre as séries foi o fator negativo na quinta-feira de boas
ondas de 5-7 pés no Bowl de Bells. A decisão do título só começou depois de 6
minutos, com Adriano de Souza pegando uma onda fraca. Mick Fanning ficou com a
prioridade de escolha da próxima, mas deixou passar uma que abriu toda para
Mineirinho mandar uma série de manobras potentes com velocidade para tirar nota
6,33. Já passava da metade da bateria quando o australiano pegou a sua primeira
e errou a primeira manobra. O brasileiro veio na de trás que abriu para ele
fazer outra sequência de manobras aproveitando qualquer espaço na parede de uma
boa direita para abrir vantagem com nota 7,50.
Mas,
logo Fanning pega uma boa onda e vai estendendo o limite das manobras,
invertendo a direção da prancha, surfando com pressão para entrar na briga com
nota 8,17. Mineiro dá o troco em seguida sem desperdiçar nenhuma chance de
manobrar no crítico da onda e recebe 7,47. As séries ficaram mais constantes e
Mick pega outra boa para conseguir os 6,80 pontos que lhe daria a liderança na
bateria e os juízes dão nota 7,10. Com isso, Mineirinho passa a precisar de
7,78 nos 8 minutos finais da bateria e ele lutou muito pela vitória. Chegou
perto da virada arriscando tudo em duas manobras muito fortes no outside,
seguiu fazendo grandes rasgadas abrindo leques de água e finalizando com uma
batida explosiva na junção, mas a nota saiu 7,77 e tinha que ser 7,78 no
mínimo.
A
diferença baixou para 7,51 pontos e o guerreiro Adriano de Souza ainda pegou
outra onda há 3 minutos do fim que abriu a parede para ele ir manobrando forte,
lincando uma na outra com velocidade, porém a nota foi 7,00 e o resultado
terminou mesmo empatado em 15,27 pontos. Se vencesse o Rip Curl Pro Bells Beach
de novo, Adriano de Souza assumiria a liderança isolada no ranking mundial com
16.500 pontos, ultrapassando os 15.200 do Filipe Toledo que Mick Fanning
igualou com o bicampeonato conquistado na quinta-feira de praia lotada em
Bells.
"Para
mim, foi um sonho se tornando realidade fazer outra final aqui em Bells",
enalteceu Adriano de Souza. "Este lugar é incrível e foi muito marcante
para mim colocar meu nome neste troféu em 2013, então toda vez que venho aqui é
uma experiência especial. O Mick (Fanning) mereceu a vitória e muito obrigado a
todos que torceram por mim e que lotaram a praia hoje. Obrigado a Rip Curl e a
WSL por fazerem outro grande evento e espero estar aqui no próximo ano".
Invencibilidade - Nas
condições de mar do último dia, com longos intervalos entre as séries fazendo
com que poucas ondas boas entrassem nas baterias, uma boa seleção das melhores
ganhou peso decisivo nos resultados. Foi assim na grande final e no confronto
brasileiro que abriu a quinta-feira em Bells Beach. O campeão mundial Gabriel
Medina começou mais ativo, pegando três ondas antes de Adriano de Souza surfar
a primeira dele, mas todas fracas. Mineirinho teve paciência, foi mais seletivo
e só pegou duas ondas, a segunda já nos minutos finais para ganhar nota 6,50 e
vencer por 11,60 a 8,33 pontos.
"O
mar está muito difícil, poucas ondas, então dei até um pouco de sorte de pegar
duas regulares, pois minha opção mesmo foi esperar pelas melhores", disse
Adriano de Souza, logo após vencer a primeira bateria da quinta-feira em Bells
Beach. "É sempre ruim competir contra brasileiros, ainda mais o Gabriel
(Medina) que é o atual campeão mundial, é muito talentoso, mas bateria é
bateria e um tem que vencer. Pena que não entraram muitas ondas para ficar uma
disputa mais bonita".
Esta
foi a sexta bateria que eles se enfrentaram no WCT e Adriano de Souza está
invicto, não perdendo nenhuma vez para Gabriel Medina. A última tinha sido
também em Bells no ano passado, mas na fase anterior a quartas de final. E
quando se tornou o único brasileiro a badalar o sino da vitória no Rip Curl Pro
de 2013, Mineirinho também tinha derrotado Mick Fanning nas quartas de final.
Ele ainda eliminou o australiano nesta mesma fase na primeira etapa deste ano
na Gold Coast. Mas, Fanning leva vantagem no confronto com o brasileiro,
registrando sua sétima vitória nas dez baterias que eles disputaram no WCT.
"Infelizmente
não vieram muitas ondas e é sempre difícil competir contra o Adriano (de
Souza)", disse Gabriel Medina. "Eu esperava ter tido ondas melhores,
mas tudo bem, competição é assim mesmo. Agora vamos pra Margaret River e eu
acho a onda lá melhor do que aqui para mim, então espero conseguir outro bom
resultado. Só tivemos duas etapas ainda, o quinto lugar hoje foi bom e espero
continuar assim para poder lutar pelo título mundial até o fim do ano".
Líder barrado - Assim
como Gabriel Medina, o ainda líder do ranking Filipe Toledo também parou nas
quartas de final sem conseguir somar uma segunda nota mais consistente para
superar o norte-americano Nat Young. Na melhor onda do brasileiro, ele atacou o
lip com manobras fortes e acertou um aéreo reverse bem alto para ganhar nota
8,33. Mas, o californiano tirou 8,60 com uma sequência de batidas e rasgadas
potentes levantando água e ainda somou o 6,50 da sua última onda. Filipinho
teve que computar um 5,53 e foi batido por 15,10 a 13,86 pontos.
"Foi
uma bateria muito difícil contra o Nat (Young) e ele surfou muito bem as ondas
que pegou", reconheceu Filipe Toledo. "Mesmo assim, estou feliz com o
quinto lugar que foi um bom resultado para somar no ranking. Eu cometi alguns
erros lá fora e deveria ter tentado algumas manobras, mas serve de aprendizado
e vamos em busca de outro bom resultado em Margaret River. Estou amarradão e
obrigado a todos que vem torcendo por mim e me apoiando".
Brasil bem no ranking - Com
os resultados das duas primeiras etapas do Samsung Galaxy World Surf League
Championship Tour, a seleção brasileira está toda no grupo dos 22 primeiros que
são mantidos na elite dos top-34 para o próximo ano, com Filipe Toledopermanecendo em primeiro lugar e Adriano de Souza em terceiro. O único que
estava fora era Jadson André, que foi barrado pelo campeão Mick Fanning na
quinta fase e ficou em nono lugar. Com isso, subiu de 25º no ranking para
dividir a 17ª posição com o também potiguar Italo Ferreira e mais dois
surfistas, o francês Jeremy Flores e o irlandês Glenn Hall.
Antes
de perder para Fanning, Jadson derrotou o australiano Taj Burrow e o brasileiro
Miguel Pupo, que caiu da terceira para a oitava posição. Outro paulista que não
venceu nenhuma bateria em Bells Beach foi Wiggolly Dantas, que despencou do
quinto para o 15º lugar. Já o campeão mundial Gabriel Medina começou a
temporada em 13º e está empatado em nono com os australianos Taj Burrow e Owen
Wright. Agora todos partem para a terceira e última etapa da "perna
australiana", que começa no dia 15 e vai até 26 de abril em Margaret
River.
Título feminino - Mas o
Rip Curl Pro ainda continua na sexta-feira com a decisão do título feminino. As
oito concorrentes estão divididas nas quartas de final que vão abrir o último
dia das meninas em Bells Beach. A atual bicampeã desta etapa, Carissa Moore,
havaiana que ainda defende a liderança do ranking 2015, está na segunda bateria
com a francesa Johanne Defay. E na seguinte, se enfrentam as duas melhores
surfistas do ano passado, a hexacampeã mundial Stephanie Gilmore e a
vice-campeã Tyler Wright.
O
Rip Curl Pro Bells Beach está sendo transmitido ao vivo pelo
www.worldsurfleague.com e pela Fox Sports para a Austrália, com coberturas
especiais também pelo MCS Extreme na França, EDGE Sports na China, Coréia do
Sul, Malásia e outros territórios, com a TV Globo sendo a nova parceira da
World Surf League no Brasil.
FINAL DO RIP CURL PRO BELLS BEACH:
Campeão:
Mick Fanning (AUS) por 15.27 pontos (notas 8.17+7.10) - US$ 100.000 e 10.000
pontos
Vice-campeão:
Adriano de Souza (BRA) com 15.27 pontos (7.77+7.50) - US$ 40.000 e 8.000 pontos
SEMIFINAIS
- 3º lugar com 6.500 pontos e US$ 20.00 de prêmio:
1ª)
Adriano de Souza (BRA) 14.83 x 9.87 Josh Kerr (AUS)
2ª) Mick Fanning (AUS) 16.70 x
14.23 Nat Young (EUA)
QUARTAS
DE FINAL - 5º lugar com 5.200 pontos e US$ 15.000 de prêmio)
1ª)
Adriano de Souza (BRA) 11.60 x 8.33 Gabriel Medina (BRA)
2ª) Josh Kerr (AUS) 13.00 x 7.93
Owen Wright (AUS)
3ª) Mick Fanning (AUS) 17.76 x
15.60 Jordy Smith (AFR)
4ª) Nat Young (EUA) 15.10 x 13.86
Filipe Toledo (BRA)
QUARTAS
DE FINAL DO RIP CURL WOMEN´S PRO - 5º lugar com 5.200 pontos)
1ª) Sally Fitzgibbons (AUS) x Lakey
Peterson (EUA)
2ª) Carissa Moore (HAV) x Johanne
Defay (FRA)
3ª) Stephanie Gilmore (AUS) x Tyler
Wright (AUS)
4ª) Coco Ho (HAV) x Courtney
Conlogue (EUA)
TOP-22 DO RANKING DA WORLD SURF
LEAGUE - 2 etapas)
1º)
Mick Fanning (AUS) - 15.200 pontos
1º)
Filipe Toledo (BRA) - 15.200
3º)
Adriano de Souza (BRA) - 14.500
4º) Julian Wilson (AUS) - 9.750
5º) Jordy Smith (AFR) - 9.200
6º) Josh Kerr (AUS) - 8.250
6º) Nat Young (EUA) - 8.250
8º)
Miguel Pupo (BRA) - 7.000
9º)
Gabriel Medina (BRA) - 6.950
9º) Taj Burrow (AUS) - 6.950
9º) Owen Wright (AUS) - 6.950
12º) Kelly Slater (EUA) - 5.750
12º) Joel Parkinson (AUS) - 5.750
12º) Matt Wilkinson (AUS) - 5.750
15º) Bede Durbidge (AUS) - 5.700
15º)
Wiggolly Dantas (BRA) - 5.700
17º)
Jadson André (BRA) - 4.500
17º) Jeremy Flores (FRA) - 4.500
17º) Glenn Hall (IRL) - 4.500
17º)
Italo Ferreira (BRA) - 4.500
21º)
John John Florence (HAV) - 3.500
21º)
Kolohe Andino (EUA) - 3.500
-----também
em 21º com 3.500 - Sebastian Zietz (HAV), Fredrick Patacchia (HAV) e Matt
Banting (AUS)
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