O
fenômeno de Maresias que vai completar 21 anos de idade na segunda-feira quase
sacramentou o feito inédito com uma vitória no Billabong Pipe Masters não fosse
a virada do australiano Julian Wilson no último minuto da final.
Colaboração de foto: Kelly Cestari/Kirstin
Scholtz/Laurent Masurel/ASP
Gabriel
Medina é o novo campeão mundial do Samsung Galaxy ASP World Championship Tour,
conquistando no Havaí o primeiro título do Brasil nos 38 anos da história do
circuito iniciado em 1976. Com apenas 20 anos de idade, o novo fenômeno do
esporte recebeu a troféu de melhor surfista do mundo do tricampeão Mick
Fanning, 33, depois de uma final eletrizante do Billabong Pipe Masters em
memória a Andy Irons, com outro representante da nova geração, Julian Wilson,
26. Medina liderava com uma nota 10 num tubaço fantástico no Backdoor, mas no
último minuto o australiano também surfou um sensacional para virar o placar
para incríveis 19,63 a 19,20 pontos e ganhar a coroa de Pipe Master, além do
caneco de campeão da Tríplice Coroa Havaiana.
No
entanto, isto não diminuiu a festa brasileira nas areias do templo sagrado do
esporte, com a multidão carregando Medina nos ombros até o pódio. Para não
depender dos resultados dos seus dois únicos concorrentes ao título, ele
precisava ser finalista do Billabong Pipe Masters em memória a Andy Irons e
atingiu a meta. Na sexta-feira de tubos de 6-8 pés tanto nas esquerdas de
Pipeline como nas direitas do Backdoor, Gabriel Medina já tirou Kelly Slater da
briga quando derrotou o havaiano Dusty Payne, que liderava o ranking da
Tríplice Coroa Havaiana. Mick Fanning ainda continuou no páreo ao superar o
francês Jeremy Flores com um tubo surfado no minuto final, mas Slater acabou eliminado
em 13º lugar na terceira fase também nos últimos segundos por um tubaço do
brasileiro Alejo Muniz. E foi o catarinense que acabou confirmando o título
mundial para Gabriel Medina ao barrar o seu outro concorrente, Mick Fanning, na
repescagem para as quartas de final.
"Este
é o dia mais feliz da minha vida. É incrível que a gente tem um sonho e hoje se
tornou realidade, então não estou mais sonhando, é verdade, mas ainda nem
consigo acreditar", disse Gabriel Medina. "Sei que este não era um
sonho só meu, mas da minha família também e de todos os brasileiros. Muitos
caras tentaram, o Fábio Gouveia e o Teco Padaratz que abriram as portas do
circuito mundial para nós, o Adriano de Souza, mas não sei porque que Deus me
escolheu para conseguir isso e só tenho que agradecer a Ele e a todos que
torceram por mim, que sei que são muitos. Eu amo surfar e se não tivesse
dinheiro em jogo eu iria surfar porque amo fazer isso e este título não é só
meu, é para todos nós brasileiros".
Com
a passagem de Medina para a quarta fase, o australiano Mick Fanning já
precisava da vitória no Pipe Masters para impedir o primeiro título do Brasil
na história do WCT, mas perdeu para Alejo Muniz e terminou em nono lugar como
vice-campeão mundial de 2014. Medina já estava na água disputando a quarta de
final verde-amarela com o também paulista Filipe Toledo quando ouviu o anúncio
e saiu para festejar o título, mas voltou ao mar e ainda venceu a bateria.
Depois passou por Josh Kerr para se tornar o segundo brasileiro a ser finalista
em Pipeline, repetindo o feito do carioca Pepê Lopes no primeiro ano do
Circuito Mundial, que ficou em sexto lugar naquela final de 1976 composta por
seis competidores.
Final Eletrizante - A decisão foi
emocionante do início ao fim. Começou com Julian Wilson saindo de um tubo
incrível no Backdoor que recebeu nota máxima de dois dos cinco juízes, com a
média ficando em 9,93. Mas, Medina logo deu o troco em outro tubaço ainda mais
fantástico, sumindo na cortina d´água e reaparecendo com o spray já com os
braços para cima para ganhar nota 10 unânime. Depois pegou um nas esquerdas de
Pipeline que valeu nota 8 e liderou toda a bateria, até a série que entrou no
último minuto. O australiano achou outro tubão nas direitas do Backdoor e saiu
em pé vibrando com a onda que poderia lhe dar a vitória, mas Medina também
pegou uma bomba nas esquerdas de Pipeline, sumiu lá dentro e surgiu depois da
baforada do spray também festejando com os punhos cerrados para a vibração da
praia.
Os
dois saíram do mar sem saber das notas, mas certos de que seriam altas. A
primeira a ser divulgada foi a 9,70 de Julian Wilson que já superava os 18,00
pontos de Medina, que ficou precisando de 9,63 pontos para confirmar a primeira
vitória brasileira no Pipe Masters. Ele já era carregado pelos ombros da torcida
quando saiu a nota 9,20, mas a derrota não diminuiu a festa verde-amarela nas
areias de Pipeline. Se vencesse, Gabriel Medina seria o primeiro surfista da
história a ganhar as etapas nas esquerdas mais desafiadoras do Circuito
Mundial, pois neste ano já havia faturado o título nas ilhas Fiji e também nos
temidos tubos de Teahupoo, no Taiti. Ainda assim, conquistou o melhor resultado
de um brasileiro no templo sagrado do esporte na ilha de Oahu, com o
vice-campeonato no Billabong Pipe Masters.
"Foi
um ano incrível. Eu já nem consegui acreditar que tinha vencido em Snapper
Rocks (na Gold Coast, Austrália), nem quando ganhei em Fiji e depois em
Teahupoo numa final contra o Slater. Mas, eu queria vencer aqui em Pipeline
também, só que o Julian (Wilson) me tirou o título ali no final, mas tudo bem,
estou muito feliz do mesmo jeito porque o sonho já estava realizado, que era
ser campeão mundial", disse Gabriel Medina. "Eu me sinto muito
honrado de estar aqui, eu amo surfar Pipeline e Backdoor e poder fazer isso com
os melhores surfistas do mundo é indescritível, ainda mais disputando um título
mundial contra caras como o (Kelly) Slater e o Mick (Fanning), que sempre foram
uma inspiração para mim desde quando eu era um garoto e nem sonhava estar
aqui".
Campanha Do Título Mundial De Gabriel Medina:
1ª
etapa: Campeão do Quiksilver Pro Gold Coast na final contra Joel Parkinson na
Austrália
2ª:
5.o lugar no Drug Aware Pro Margaret River perdendo para Josh Kerr nas quartas
de final
3ª:
9.o lugar no Rip Curl Pro Bells Beach perdendo para Adriano de Souza na quinta
fase
4ª:
13.o lugar no Billabong Rio Pro perdendo para Travis Logie na terceira fase da
etapa brasileira
5ª:
Campeão do Fiji Pro na final contra Nat Young nos tubos de Cloudbreak na ilha
de Tavarua
6ª:
5.o lugar no J-Bay Pro perdendo para Owen Wright nas quartas de final na África
do Sul
7ª:
Campeão do Billabong Pro Teahupoo na final contra Kelly Slater no Tahiti
8ª:
5.o lugar no Hurley Pro Trestles perdendo para Adrian Buchan nas quartas de
final nos EUA
9ª:
5.o lugar no Quiksilver Pro France perdendo para Josh Kerr nas quartas de final
em Hossegor
10ª:
13.o lugar no Rip Curl Pro Peniche perdendo para Brett Simpson na terceira fase
em Portugal
11ª:
Vice-campeão no Billabong Pipe Masters vencido por Julian Wilson nos tubos do
Backdoor
World Surf League - O título mundial de
Gabriel Medina foi o último da história da Association of Surfing Professionals
(ASP), entidade que em 1983 substituiu a International Professional Surfers
(IPS) que organizou o circuito desde o seu início em 1976 até 1982. A partir de
2015, a ASP muda de nome para World Surf League com a sigla WSL. O primeiro
campeão do Brasil agora pode inaugurar uma nova Era e já marcou isso sendo o
primeiro surfista a conquistar o título com 20 anos de idade desde Kelly Slater
em 1992, quando Medina ainda não tinha nem nascido, pois só veio ao mundo em 22
de dezembro do ano seguinte.
O
Billabong Pipe Masters também definiu a relação final dos top-34 que vão
disputar o primeiro título mundial da World Surf League no ano que vem. No
entanto, ninguém conseguiu ingressar no grupo dos 22 primeiros colocados no
ranking que são mantidos na elite. Quem mais carregou a esperança de conseguir
isso foi o brasileiro Alejo Muniz, no entanto ele necessitava da vitória no
Havaí para permanecer no WCT. Ele até se destacou ao derrotar o onze vezes
campeão mundial Kelly Slater e o tricampeão Mick Fanning surfando ótimos tubos
no Backdoor, mas parou no australiano Adrian Buchan nas quartas de final e
terminou em 26º lugar no ranking final do Samsung Galaxy ASP World Championship
Tour 2014.
Além
de Alejo Muniz, quem também ficou de fora do grupo que vai disputar o título
mundial no ano que vem foi o carioca Raoni Monteiro. Mas, o número de sete
brasileiros que disputou o último WCT da ASP será o mesmo no primeiro circuito
da World Surf League, com o paulista Wiggolly Dantas e o potiguar Italo
Ferreira sendo as duas novidades classificadas pelo G-10 do Qualification
Series para substituí-los na seleção verde-amarela de 2015. Eles serão os
reforços na equipe comandada pelo novo campeão mundial Gabriel Medina, os
também paulistas Adriano de Souza, Filipe Toledo e Miguel Pupo e o potiguar
Jadson André.
Temporada Verde-Amarela
- O
inédito título de Gabriel Medina no WCT consagrou uma temporada verde-amarela
no Circuito Mundial deste ano. O também paulista Filipe Toledo foi o número 1
do ASP Qualification Series e a cearense Silvana Lima confirmou o seu retorno a
elite das top-16 do WCT também em primeiro lugar neste mesmo ranking da
categoria feminina. O Brasil ainda ficou muito próximo de conquistar mais dois
títulos mundiais em 2014, com o carioca Phil Rajzman no Longboard e o paulista
Deivid Silva no Pro Junior. Ambos foram vice-campeões nas finais contra o
australiano Harley Ingleby e o português Vasco Ribeiro, respectivamente. Nos
pranchões, a carioca Chloe Calmon também conseguiu um feito inédito para o
Brasil com o terceiro lugar conquistado nas semifinais do Mundial de Longboard
na China.
RESULTADOS
DO ÚLTIMO DIA DO BILLABONG PIPE MASTERS:
Campeão:
Julian Wilson (AUS) por 19,63 pontos (notas 9,93+9,70) - US$ 100.000 e 10.000
pontos
Vice-campeão:
Gabriel Medina (BRA) com 19,20 (notas 10,00+9,20) - US$ 40.000 e 8.000 pontos
SEMIFINAIS
- 3.o lugar com US$ 20.000 e 6.500 pontos:
1ª:
Gabriel Medina (BRA) 13.60 x 9.43 Josh Kerr (AUS)
2ª: Julian Wilson (AUS)
13.16 x 3.17 Adrian Buchan (AUS)
QUARTAS
DE FINAL - 5.o lugar com US$ 15.000 e 5.200 pontos:
1ª:
Gabriel Medina (BRA) 4.30 x 3.27 Filipe Toledo (BRA)
2ª: Josh Kerr (AUS)
6.00 x 4.04 John John Florence (HAV)
3ª: Adrian Buchan (AUS)
12.17 x 3.77 Alejo Muniz (BRA)
4ª: Julian Wilson (AUS)
17.83 x 2.77 Kai Otton (AUS)
QUINTA
FASE - Vitória=Quartas de Final / Derrota=9.o lugar com US$ 12.500 e 4.000
pontos:
1ª: Filipe Toledo (BRA)
14.66 x 3.84 Owen Wright (AUS)
2ª: Josh Kerr (AUS)
14.00 x 10.84 Michel Bourez (TAH)
3ª: Alejo Muniz (BRA)
6.53 x 2.84 Mick Fanning (AUS)
4ª: Julian Wilson (AUS)
17.46 x 10.34 Sebastian Zietz (HAV)
QUARTA
FASE - Vitória=Quartas de Final / 2.o e 3.o=Repescagem:
1ª: 1-John John
Florence (HAV)=6.74, 2-Michel Bourez (TAH)=6.40, 3-Owen Wright (AUS)=5.93
2ª:
1-Gabriel Medina (BRA)=15.67, 2-Filipe Toledo (BRA)=15.23, 3-Josh Kerr
(AUS)=4.97
3ª: 1-Adrian Buchan
(AUS)=6.86, 2-Mick Fanning (AUS)=6.47, 3-Julian Wilson (AUS)=6.43
4ª:
1-Kai Otton (AUS)=7.06, 2-Sebastian Zietz (HAV)=4.54, 3-Alejo Muniz (BRA)=1.27
TERCEIRA
FASE - Derrota=13.o lugar com US$ 9.500 e 1.750 pontos:
1ª: John John Florence
(HAV) 16.33 x 12.16 Adam Melling (AUS)
2ª: Owen Wright (AUS)
12.20 x 11.17 Fredrick Patacchia (HAV)
3ª: Michel Bourez (TAH)
9.67 x 7.00 Matt Wilkinson (AUS)
4ª:
Josh Kerr (AUS) 10.50 x 7.87 Jadson André (BRA)
5ª:
Filipe Toledo (BRA) 12.17 x 5.17 Miguel Pupo (BRA)
6ª: Gabriel Medina
(BRA) 17.66 x 11.84 Dusty Payne (HAV)
7ª: Julian Wilson (AUS)
9.40 x 1.40 Kolohe Andino (EUA)
8ª: Adrian Buchan (AUS)
11.53 x 1.33 Bede Durbidge (AUS)
9ª: Mick Fanning (AUS)
10.84 x 7.67 Jeremy Flores (FRA)
10ª: Sebastian Zietz
(HAV) 8.93 x 6.76 Joel Parkinson (AUS)
11ª: Kai Otton (AUS)
10.67 x 9.44 Nat Young (EUA)
12ª:
Alejo Muniz (BRA) 15.50 x 13.10 Kelly Slater (EUA)
TOP-22
DO SAMSUNG GALAXY ASP WORLD TOUR 2014 - 11 etapas com 2 descartes:
Campeão
mundial: Gabriel Medina (BRA) - 62.800 pontos
2º: Mick Fanning (AUS)
- 55.350
3º: John John Florence
(HAV) - 51.400
4º: Kelly Slater (EUA)
- 50.050
5º: Michel Bourez (TAH)
- 46.000
6º: Joel Parkinson
(AUS) - 43.100
7º:
Jordy Smith (AFR) - 42.900
8º:
Adriano de Souza (BRA) - 42.250
9º: Taj Burrow (AUS) -
41.700
9º: Josh Kerr (AUS) -
41.700
11: Kolohe Andino (EUA)
- 35.900
12: Owen Wright (AUS) -
34.150
13: Nat Young (EUA) -
31.150
14: Julian Wilson (AUS)
- 28.750
15: Adrian Buchan (AUS)
- 28.700
16: Bede Durbidge (AUS)
- 28.450
17: Filipe Toledo (BRA)
- 28.150
18: Kai Otton (AUS) -
26.200
19:
Miguel Pupo (BRA) - 25.900
20:
Sebastian Zietz (HAV) - 21.450
21:
Fredrick Patacchia (HAV) - 21.250
22:
Jadson André (BRA) - 20.750
——os
10 que se classificaram para o WCT 2015 pelo Qualification Series:
1º:
Matt Banting (AUS) com o 2.o lugar no ranking vencido por Filipe Toledo
2º:
Wiggolly Dantas (BRA) - 4.o no ranking
3º:
Adam Melling (AUS) - 6.o no QS e 24.o no WCT
4º:
Italo Ferreira (BRA) - 7.o no QS
5º:
Matt Wilkinson (AUS) - 8.o no QS e 23.o no WCT
6º:
Keanu Asing (HAV) - 9.o no QS
7º:
Dusty Payne (HAV) - 10.o no QS
8º:
Jeremy Flores (FRA) - 11.o no QS e 33.o no WCT
9º:
Brett Simpson (EUA) - 13.o no QS e 31.o no WCT
10º:
Ricardo Christie (NZL) - 16.o no QS
——-saíram
dos top-34 para o WCT 2015:
24º
no WCT: C. J. Hobgood (EUA) - 17.700 pontos
26º:
Alejo Muniz (BRA) - 17.650
27º:
Aritz Aranburu (ESP) - 14.250
28º: Dion Atkinson
(AUS) - 14.200
29º: Tiago Pires (PRT)
- 13.000
30º: Mitch Crews (AUS)
- 11.750
32º: Travis Logie (AFR)
- 10.500
35º:
Raoni Monteiro (BRA) - 4.500
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